O prefeito de Itapicuru, José Moreira de Carvalho Neto, terá que
devolver ao cofres do município nada menos que R$5.591.534,71 e pagar a
multa máxima que pode estipular o Tribunal de Contas dos Municípios –
R$47.396,00 – por causa dos danos que causou ao erário com a contratação
da empresa Ktech – Key Technology Gestão e Comércio de Software Ltda.
A
empresa, após vencer um Pregão Presencial no valor de R$1.820.000,00,
recebeu um total de R$6.821.727,00 por conta de aditivos que foram
feitos ao contrato original. O objetivo do contrato, assinado em 2009 e
com validade de dez meses, basicamente, era o fornecimento de softwares,
que no mercado, poderiam ser adquirido pelo preço unitário de R$450,00,
perfazendo um total de R$2.250,00.
A relatoria, no julgamento
realizado na terça-feira, 17 de maio 2016, que utilizou relatório da Polícia
Federal, determinou a formulação de representação ao Ministério Público
Estadual e Federal para que sejam adotadas as providência cabíveis na
apuração de ilícitos criminais e civis praticados pelo prefeito, diante
dos fortes indícios de desvio e má utilização de recursos públicos
municipais e federais.
Para melhor apuração dos fatos, o TCM
estabeleceu um acordo de cooperação com a Polícia Federal, que esteve no
município de Itapicuru apurando crimes envolvendo a empresa Kteck,
durante a operação denominada Águia de Haia. Com essas informações, o
tribunal constatou que o prefeito promoveu sete termos aditivos ao
contrato original com a Kteck, elevando os pagamentos para
R$6.821.727,00 nos exercícios de 2009 a 2014. A relatoria não encontrou
nenhuma justificativa econômica para a contratação do sistema para gerir
um quadro de apenas 7.398 alunos.
Além das irregularidades
encontradas no processo licitatório, a execução do contrato não atendeu
aos requisitos previstos no edital, vez que durante os exames in loco
nas escolas do município constatou-se que o único software
disponibilizado pela empresa foi o Visual Class Fx, que tem sua licença
comercializada por apenas R$450,00.
Ao final do relatório, tanto o
TCM quanto a Polícia Federal concluíram pela existência efetiva de dano
ao erário no montante R$6.090.656,25 somente com a contratação da Kteck.
Se a Prefeitura tivesse optado pela contratação direta do serviço, o
custo de aquisição de 05 licenças do programa Visual Class Fx, uma para
cada laboratório escolar, teria sido de R$2.250,00, pagos somente uma
vez, e o custo da contratação de dez monitores teria sido de R$13.882,30
mensais. Em cinquenta e dois meses e meio o custo com monitores teria
sido de R$728.820,75, somando esse gasto ao investimento inicial de
R$2.250,00, calcula-se um total de R$731.070,75 para o custeio do
serviço, valor muito inferior ao pago.
O TCM encaminhará ao Tribunal
de Contas da União cópia do decisório para que seja promovida a
fiscalização das despesas custeadas com recursos federais, no total de
R$737.092,00. Cabe recurso da decisão. Do site do TCM Bahia.
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