quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

JEMERSON: UMA TRAJETÓRIA DE DAR ORGULHO

Mais de 1.500 quilômetros separavam um garoto de Jeremoabo, na Bahia, da cidade que marcaria a grande redenção da carreira e da vida dele. Essa distância foi percorrida, de ônibus, pelo ainda desconhecido Jemerson, em 2010, para chegar ao Atlético. E as grandes atuações com a camisa alvinegra fizeram com que o baiano fosse ainda mais longe. Agora, ele foi para o luxuoso Principado de Mônaco, na Riviera Francesa, numa venda de cerca de R$ 47 milhões.

A distância percorrida, no entanto, conta só uma pequena parcela da trajetória do jeremoabense. “O Jemerson jogava futebol em um campo em frente à casa dele, na roça. Aqui, ele só jogava descalço. Já era diferenciado”, conta um dos primeiros treinadores, conhecido como Fábio da Farmácia, 48.

E desde os tempos de criança, ele já mostrava que nasceu para dar trabalho aos atacantes. “Sempre manteve a marcação segura. Desde pequeno, quando começávamos o pré-jogo, ele participava, e sempre marcando firme. Tinha a postura de um futuro zagueiro renomado”, afirmou o professor Ivander Silva, amigo de Jemerson.

O caminho na adolescência foi marcado por desafios. Chegou a ser reprovado por Santos, Vasco e Palmeiras, mas foi em Sergipe que ele começou a ter destaque. Pelo Confiança, o “Zé Pequeno” – como era conhecido na época – disputou a Copa São Paulo de 2010. No mesmo ano, ele chegou às categorias de base do Galo. No alvinegro, o futebol cresceu, e ele virou o Jerê, uma das referências da zaga.
Agora chegou o momento de atuar na Europa. Mais uma alegria que ele proporciona para a família, sobretudo à mãe, Ana Rita. “Fiquei muito feliz. Um pouco pesarosa porque ele vai ficar longe, mas, se Deus quiser, vai dar certo para ele”, disse a  TEMPO.

Com a bênção da mãe, mas com frio na barriga, Jemerson chegou a pensar em não ir. No dia do acerto com o Mônaco, ele procurou pessoas próximas com receio do que viria pela frente. Mas, aos poucos, ele usou a mesma calma que tem em campo para encarar o novo desafio da carreira e voou rumo ao sonho.

Distância no caminho outra vez:  Quando deixou Jeremoabo para jogar no Itabaiana, de Sergipe, há pouco menos de 150 km da terra natal, o ainda moleque Jemerson sentiu falta da família e voltou para casa, como revelou Fábio da Farmácia. Agora, aos 23 anos, a distância dos parentes será bem maior que a dos tempos em que jogou pelo Atlético.

Quando embarcou para Mônaco, o zagueiro disse que ainda não decidiu se levará os familiares para o Velho Continente no futuro. “Por enquanto não vou levar a família, mas no meio do ano, quem sabe? Quero levar minha namorada, minha mãe, meu pai. Mas agora fico lá direto”, afirmou.  A mãe dele, Ana Rita, prefere, por ora, não pensar na mudança para acompanhar o filho na Europa. “Por enquanto não estou pensando nisso. Agora, o que me interessa é a felicidade dele mesmo”, disse Rita.

Questionada se ele pode sentir saudades da família, Ana se mostrou tranquila quanto a isso. “Ele vai sentir nossa falta, mas já está acostumado a andar pelo mundo. O pai dele também conversou com ele quando acertou tudo. Estamos todos felizes”, disse Rita. Em Jeremoabo, ela mora na Zona Rural, com o pai do atleta e outros três irmãos dele.

Mesmo ainda mais distante, os amigos esperam que o jogador mantenha as prestigiadas visitas à cidade em que nasceu e cresceu.  “Ele é um cara simples, humilde. Sempre quando vem aqui, ele visita os amigos, participa de ‘babas’ (peladas). É um cara admirado por todos daqui pela sua simplicidade, pois muitos em sua posição social não dariam muita importância ao passado”, comentou Ivander dos Santos.

Aluguel. Jemerson já está olhando lugar para morar na Europa. Mesmo tendo um aumento salarial gigante, o jogador terá que despender todo mês de um alto valor para bancar a moradia. Pela pesquisa do jogador, um apartamento comum tem aluguel na faixa de R$ 52 mil.

Medo de avião. O pai de Jemerson dificilmente vai visitar o jogador na Europa. Isso porque ele não viaja tendo avião como meio de transporte. O medo fala mais alto e, até por isso, o atleta quase não via o pai em Belo Horizonte. A mãe já não tem esse problema, e muitas vezes foi vista na capital mineira e nos jogos do Galo. Fonte: www.otempo.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário