terça-feira, 14 de junho de 2016

PROBLEMAS DO HOSPITAL DANTAS BIÃO

Desde dezembro de 1997 quando a Assembleia Legislativa da Bahia, no recesso, colocou em discussão o Projeto de Lei das Organizações Sociais, aprovado em janeiro de 1998, sindicatos e funcionários da saúde, sabíamos que teríamos um desmonte do Sistema único de Saúde em nosso Estado.

Dito e feito, vários hospitais públicos sucateados por falta de investimento do governo do Estado, que os abandonou à própria sorte, somando-se a isto administrações desastrosas e/ou mesmo administrações competentes que se desdobravam para manter as unidades funcionando devendo fornecedores e com equipamentos sucateados e inúmeros funcionários desmotivados sem qualquer preocupação pela SESAB.

Em Alagoinhas temos o exemplo claro do Hospital Regional Dantas Bião, com a responsabilidade de atender uma região com mais de 700 mil habitantes, foi completamente reformado e ampliado, hoje temos uma unidade de Tratamento Intensivo com 10 leitos, Unidade de Reanimação e Ala semi-intensiva com 12 leitos, mantida as 3 salas de cirurgia, ala de pediatria para internamento e emergência, laboratório moderno, tomografia computadorizada, raio X, eletrocardiograma, ultrassonografia, total de 110 leitos, completamente insuficiente para a região, já teve uma ampliação incompatível com a demanda.

O Estado continuando na sua falta de competência administrativa sem fiscalizar as administrações das Organizações Sociais, vi, como funcionário do setor de Reanimação da Unidade, a Fundação Monte Tabor de 2006 a 2010 fazer uma administração realmente de qualidade (equipamentos e estrutura nova), embora promessas de contrato como serviço de Neurocirurgia nunca foi instalado e a ambulância de UTI móvel prometida por políticos e os secretários, nunca chegaram, sendo o maior problema do hospital, a transferência de pacientes graves, muitos morreram por falta do transporte, mesmo regulados.

Infelizmente à partir de meados de 2010, quando os equipamentos começaram a apresentar desgastes por falta de manutenção preventiva e não serem substituídos, começaram a faltar complementos dos monitores cardíacos e a insegurança no atendimentos dos pacientes e o desespero dos profissionais que a cada dia verificávamos a decadência da unidade.

Estivemos em várias reuniões com secretários de saúde do estado, acompanhados de sindicatos publico e privado, vereadores da cidade e deputado estadual, superintendência da Fundação Monte Tabor, um teatro muito bem ensaiado entre autoridades e administradores da Fundação, o que vimos em 2014 e início de 2015, o Hospital Dantas Bião praticamente parado, afirmação do governo estadual e SESAB que repassava os recursos para o Monte Tabor e este acusando o estado de não repassar os recursos, com isto, funcionários com salários atrasados e fornecedores sem receber.

Com todos estes incompetentes problemas pela SESAB (lembrando que funcionários da antiga administração amargam na justiça o direito de receber seus direitos trabalhista que não foram pagos pela Fundação Monte Tabor, em torno de 4 milhões de reais), abre-se licitação para uma nova administração do Hospital Regional Dantas Bião, ganha o Instituto Brasileiro de Administração Hospitalar – IBDAH por preço mínimo, em torno de 3 milhões/ mês, com um aditivo de 500 mil reais para realizar a reforma geral da unidade para poder iniciar os trabalhos como nova administradora, isto já em 2016, quando em março terminaram as ditas reformas e abriu-se às portas da esperança em saúde da nossa cidade e região.

Grande engano. Já não tínhamos o direito de fazer cirurgias eletivas no hospital. Inteligentemente o novo Contrato de Gestão não contemplava este tipo de procedimento porque disseram que a quantidade era tão pequena na administração anterior que não justificava estar neste novo contrato.

Será que somos idiotas em não entender que esta nova administração tem como especialidade principal e de interesse os procedimentos de Traumato-Ortopedia, especialidade do proprietário da Empresa o Exmo. Sr. Dr. e Senador da República Oto Alencar e o seu filho que administra a empresa IBDAH.

Claro que cirurgias eletivas (hérnias, vesículas, apêndices, miomas, histerectomias, fimoses, amputações por problemas vasculares e diabetes, outras…), não dão qualquer retorno financeiro, diferente das cirurgias ortopédicas tidas como cirurgias geralmente “limpas” (sem graves consequências de infecção hospitalar, dependendo do procedimento e acompanhamento) que manipulam aparelhos de custo alto, lucros financeiros certos (enganam-se que acredita que não existe interesses financeiros nas OS), e se a empresa que fornece estes equipamentos forem da própria empresa, melhor ainda.

Observem os senhores, estamos no mês de junho de 2016 e a empresa já apresenta atrasos em pagamentos de funcionários, falta de medicamentos básicos tipo furosemida e outros (denuncia do SINDIMED), bem como, atrasos de 3 meses de repasses do governo do estado.

Pergunta-se, quem está falando a verdade, o estado que diz pagar ou a empresa que diz não receber, o maior problema são os funcionários sem regularidade no recebimento dos seus salários e a possibilidade de paralisação da unidade de referência em Urgência e Emergência de uma região com mais de 700 mil habitantes.

Com uma agravante, a região é cortada pela BR-101 com grande fluxo de veículos e acidentes. A classe política estadual não está interessada na população da nossa região, estamos apenas no periodo eleitoral para vereador e prefeito, que se danem neste momento, quem sabe em 2018 eles enxergam Alagoinhas e região pelo voto de deputados e governador. Por Roque Costa  no site Alta Pressão

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