Representantes do movimento municipalista nacional se
reuniram, na quarta-feira (13/7), em Brasília, com o presidente interino Michel
Temer para apresentar uma pauta de reivindicações ao governo. Segundo os
gestores, caso o Planalto não sinalize uma ajuda financeira, os prefeitos
encerrarão os mandatos com as contas no “vermelho” e tendo que responder na
justiça o não cumprimento de metas constitucionais.
A presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB) e
prefeita de Cardeal da Silva, Maria Quitéria, explica que os municípios vivem
em situação de falência e já mantêm somente serviços básicos. “Não sobra
recurso para investir. Para se ter uma ideia, temos mais de 300 programas do
governo federal que o repasse não é reajustado há mais de 4 anos, cabendo ao prefeito custear o
que falta para manter o serviço funcionando”, conta.
Segundo a presidente da UPB, os prefeitos saíram da reunião
frustrados. “Não houve uma sinalização de ajuda. Os ministros falaram da
situação econômica do país e Temer disse que seu governo tem convicção da
necessidade dos municípios, mas não poderia fazer mais”, relatou Maria
Quitéria. O descontentamento dos prefeitos foi agravado no início do governo
interino, quando os governadores foram convidados para reunião e conseguiram a
renegociação das dívidas dos estados, enquanto os municípios foram excluídos do
diálogo.
O dano aos cofres municipais fica ainda mais agravado com a
queda do repasse ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que teve
redução de 10,39% nos seis primeiros meses deste ano, considerando a inflação
do período. Vista como um alento, a Emenda Constitucional 84, promulgada em
2015, pretendia ampliar o cálculo do repasse ao fundo em 1%, sendo 0,5 em julho
do ano passado e outros 0,5% em julho deste, porém, com o argumento de se
tratar do decorrer de um ano fiscal, os municípios receberam apenas 0,75% do
montante acordado.
Descontente com a resposta negativa do Planalto, o
vice-presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Glademir Aroldi,
afirmou em entrevista ao Jornal O Globo ser injusto não repassar recurso aos
municípios na mesma proporção em que são repassadas as responsabilidades. “Não
dá para ficar dando golpe nos municípios, como foi dado no ano passado, quando
tinha que pagar 0,5% de FPM por uma emenda constitucional e pagou apenas 0,25%.
E agora um novo golpe, quando tem que pagar 1% e vai pagar 0,75%”, bradou.
No documento, entregue na audiência com Michel Temer e os
ministros, constam ainda o pedido de apoio para o projeto de lei que isenta os
municípios de cumprir o índice de gasto com pessoal em ano de crise, a
realização de um encontro de contas da Previdência e o apoio da base
parlamentar do governo para votação dos projetos de reformulação da Lei do ISS
e da Lei de Resíduos Sólidos, assim como demais propostas incluídas na revisão
do Pacto Federativo. Redação Jornal O Globo
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