Desde dezembro de 1997 quando a Assembleia Legislativa da Bahia, no
recesso, colocou em discussão o Projeto de Lei das Organizações Sociais,
aprovado em janeiro de 1998, sindicatos e funcionários da saúde,
sabíamos que teríamos um desmonte do Sistema único de Saúde em nosso
Estado.
Dito e feito, vários hospitais públicos sucateados por falta de
investimento do governo do Estado, que os abandonou à própria sorte,
somando-se a isto administrações desastrosas e/ou mesmo administrações
competentes que se desdobravam para manter as unidades funcionando
devendo fornecedores e com equipamentos sucateados e inúmeros
funcionários desmotivados sem qualquer preocupação pela SESAB.
Em Alagoinhas temos o exemplo claro do Hospital Regional Dantas Bião,
com a responsabilidade de atender uma região com mais de 700 mil
habitantes, foi completamente reformado e ampliado, hoje temos uma
unidade de Tratamento Intensivo com 10 leitos, Unidade de Reanimação e
Ala semi-intensiva com 12 leitos, mantida as 3 salas de cirurgia, ala de
pediatria para internamento e emergência, laboratório moderno,
tomografia computadorizada, raio X, eletrocardiograma, ultrassonografia,
total de 110 leitos, completamente insuficiente para a região, já teve
uma ampliação incompatível com a demanda.
O Estado continuando na sua falta de competência administrativa sem
fiscalizar as administrações das Organizações Sociais, vi, como
funcionário do setor de Reanimação da Unidade, a Fundação Monte Tabor de
2006 a 2010 fazer uma administração realmente de qualidade
(equipamentos e estrutura nova), embora promessas de contrato como
serviço de Neurocirurgia nunca foi instalado e a ambulância de UTI móvel
prometida por políticos e os secretários, nunca chegaram, sendo o maior
problema do hospital, a transferência de pacientes graves, muitos morreram
por falta do transporte, mesmo regulados.
Infelizmente à partir de meados de 2010, quando os equipamentos
começaram a apresentar desgastes por falta de manutenção preventiva e
não serem substituídos, começaram a faltar complementos dos monitores
cardíacos e a insegurança no atendimentos dos pacientes e o desespero
dos profissionais que a cada dia verificávamos a decadência da unidade.
Estivemos em várias reuniões com secretários de saúde do estado,
acompanhados de sindicatos publico e privado, vereadores da cidade e deputado estadual, superintendência da Fundação Monte
Tabor, um teatro muito bem ensaiado entre autoridades e administradores
da Fundação, o que vimos em 2014 e início de 2015, o Hospital Dantas
Bião praticamente parado, afirmação do governo estadual e SESAB que
repassava os recursos para o Monte Tabor e este acusando o estado de não
repassar os recursos, com isto, funcionários com salários atrasados e
fornecedores sem receber.
Com todos estes incompetentes problemas pela SESAB (lembrando que
funcionários da antiga administração amargam na justiça o direito de
receber seus direitos trabalhista que não foram pagos pela Fundação
Monte Tabor, em torno de 4 milhões de reais), abre-se licitação para uma
nova administração do Hospital Regional Dantas Bião, ganha o Instituto
Brasileiro de Administração Hospitalar – IBDAH por preço mínimo, em
torno de 3 milhões/ mês, com um aditivo de 500 mil reais para realizar a
reforma geral da unidade para poder iniciar os trabalhos como nova
administradora, isto já em 2016, quando em março terminaram as ditas
reformas e abriu-se às portas da esperança em saúde da nossa cidade e
região.
Grande engano. Já não tínhamos o direito de fazer cirurgias eletivas no hospital. Inteligentemente o novo Contrato de Gestão não contemplava este tipo
de procedimento porque disseram que a quantidade era tão pequena na
administração anterior que não justificava estar neste novo contrato.
Será que somos idiotas em não entender que esta nova administração
tem como especialidade principal e de interesse os procedimentos de
Traumato-Ortopedia, especialidade do proprietário da Empresa o Exmo. Sr.
Dr. e Senador da República Oto Alencar e o seu filho que administra a
empresa IBDAH.
Claro que cirurgias eletivas (hérnias, vesículas, apêndices, miomas,
histerectomias, fimoses, amputações por problemas vasculares e diabetes,
outras…), não dão qualquer retorno financeiro, diferente das cirurgias
ortopédicas tidas como cirurgias geralmente “limpas” (sem graves
consequências de infecção hospitalar, dependendo do procedimento e
acompanhamento) que manipulam aparelhos de custo alto, lucros
financeiros certos (enganam-se que acredita que não existe interesses
financeiros nas OS), e se a empresa que fornece estes equipamentos forem
da própria empresa, melhor ainda.
Observem os senhores, estamos no mês de junho de 2016 e a empresa já
apresenta atrasos em pagamentos de funcionários, falta de medicamentos
básicos tipo furosemida e outros (denuncia do SINDIMED), bem como,
atrasos de 3 meses de repasses do governo do estado.
Pergunta-se, quem está falando a verdade, o estado que diz pagar ou a
empresa que diz não receber, o maior problema são os funcionários sem
regularidade no recebimento dos seus salários e a possibilidade de
paralisação da unidade de referência em Urgência e Emergência de uma
região com mais de 700 mil habitantes.
Com uma agravante, a região é cortada pela BR-101 com grande fluxo de veículos e acidentes. A classe política estadual não está interessada na população da nossa
região, estamos apenas no periodo eleitoral para vereador e prefeito,
que se danem neste momento, quem sabe em 2018 eles enxergam Alagoinhas e
região pelo voto de deputados e governador. Por Roque Costa no site Alta Pressão
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