O cachorro é considerado o melhor e o mais antigo amigo do
homem, desde o tempo das cavernas. No livro de Tobias, um cachorro anuncia a
volta do filho. No episódio do rico insensível, um cachorro lambe as feridas do
pobre Lázaro. São inúmeras as atitudes heróicas e inteligentes de cães que
salvaram seus donos ou mesmo desconhecidos.
A milionária norte-americana Gail Posner, que morreu aos 67
anos, fez um testamento deixando 21 milhões de reais para seus três cachorros.
Parte de sua fortuna ficou com os funcionários de sua mansão em Miami,
encarregados de cuidar dos animais. Foi-lhes garantida casa e renda enquanto os
animais viverem.
Para o filho Bret Carr, a viúva deixou apenas dois milhões
de reais. Inconformado, ele entrou na Justiça, alegando que a mãe foi forçada
por um dos seus assessores. Ente os três animais, as doações foram diferentes.
Conchita, uma chihuahua, foi a mais privilegiada. A cachorra ganhou três
colares de pérolas, jóias, uma coleção de roupas e seu próprio Cadillac.
A humanidade, hoje, tem grande sensibilidade em relação aos
animais, especialmente cães e gatos. Praticamente todos os cães têm nomes,
quase sempre de pessoas: políticos conhecidos, jogadores de futebol,
personagens do cinema. Em muitos lares, os animais vestem roupinhas de acordo
com a estação, têm camas confortáveis, alimentação especial. Por vezes, são até
considerados “filhos”. “Algumas pessoas cuidam melhor de seus cães e gatos do
que seus irmãos”. (Papa Francisco)
Todos os animais devem ser bem tratados. E esse tratamento
deve levar em consideração sua condição animal. Por vezes, eles são “confidentes”
de pessoas que confiam a eles suas mágoas e segredos. No perigoso
individualismo do nosso tempo, os animais continuam solidários com seus donos.
E o cachorro nunca abandona o dono por ele ser pobre ou doente. Mesmo assim, o
animal deve estar no seu lugar e não pode ocupar o lugar de um filho ou de uma
criança qualquer.
Curiosamente, essa mesma sensibilidade com os animais,
muitas vezes, não é reservada às crianças. Milhões delas, anualmente, são
assassinadas pelo aborto ou pela fome; milhões perambulam pelas ruas ou
disputam com os cães menos favorecidos os alimentos nos lixões. No Evangelho,
Jesus recomenda: “Não deis aos cães coisas santas” (Mt 7,6). Isso significa
manter uma correta escala de valores. Por +Itamar Vian, Arcebispo Emérito de
Feira de Santana. di.vianfs@ig.com.br
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