Cada vez que vou a Cipó, me sinto desolada. Dizem que é a
esperança que nos move em busca de dias melhores, mas não há como ter esperança
nesse desgoverno que assola a nossa cidade. Como já disse antes, me sinto num
cenário de cidade fantasma dos filmes de faroeste. Só faltam as gramíneas
circulando nas ruas ao sabor do vento.
A praça Juracy Magalhães está quase sempre deserta e escura,
salvo pelos paredões de som que competem à frente do Radium Hotel para ver quem
faz mais barulho! No Grande Hotel, no Balneário e no Radium Hotel estão se
formando jardins suspensos com imensos Ficus Argentinos com suas raízes
potencialmente destrutivas a se entrelaçar nas estruturas das construções, sob
o risco de um iminente desastre.
A limpeza do Clube Balneário parou no caminho, apesar de
todo esforço e empenho de Flavinho para tentar devolver dignidade ao espaço,
mas uma andorinha só, infelizmente, não faz verão! A montanha de resíduos
retirados da piscina e dos banheiros espera a próxima chuva para retornar ao
lugar.
Os buracos tomam conta das ruas, quase quebrei o pé em um
deles, na Rua XV de Novembro. Imagino que outras pessoas tropeçam neles no
Centro, na Av. Sete de Setembro e em outras tantas ruas da cidade.
As aulas começaram atrasadas por ingerência e a justificativa
mais absurda é que não encontraram pedreiros na cidade! A prefeitura aprovou em
concurso público três ajudantes de pedreiro e três pedreiros. Alguns foram
cedidos a outros órgãos, caracterizando desvio de função.
E por falar em pedreiros, lembro que já faz quase noventa
dias que a população da Fazenda Gideão e de outras localidades próximas sofreu
o maior desastre natural que se tem notícia na região e apenas três casas estão
sendo reconstruídas. Conforme moradores a Prefeitura entregou 1.500 blocos e
oito sacos de cimento a algumas famílias. A maioria ainda aguarda.
É bom ressaltar que esse material foi doado pela Defesa
Civil e que ainda restam mais de trinta caixas de água mineral doadas pela
Prefeitura de Madre de Deus que não foram entregues.
Até o momento o grupo Doações para Cipó, do qual tenho grande orgulho de fazer parte,não recebeu qualquer relatório do que foi feito com as doações que arrecadamos e foram entregues pela Prefeitura, porque entendemos, que num momento de dor e desespero, a logística do poder público faria chegar aos desabrigados as doações com maior celeridade.
Até o momento o grupo Doações para Cipó, do qual tenho grande orgulho de fazer parte,não recebeu qualquer relatório do que foi feito com as doações que arrecadamos e foram entregues pela Prefeitura, porque entendemos, que num momento de dor e desespero, a logística do poder público faria chegar aos desabrigados as doações com maior celeridade.
Noventa dias depois e ainda há uma família orando sob uma
lona, por medo que lhe furtem os materiais que conseguiram amealhar para
reconstruir sua dignidade.
O combate à corrupção, o impeachment, o cenário político
nacional são discussões que afetam a cada um de nós, mas a pessoa que está sem
seu teto, morando de favor, precisa de uma atenção mais próxima. Precisamos
voltar a falar de esperança, de dignidade, de solidariedade.
Esse é o governo da irresponsabilidade, da incompetência,
das manobras políticas e financeiras em benefício de poucos. Precisamos
acordar! Precisamos refletir sobre os rumos que queremos dar à nossa cidade.
Me ensinaram desde pequena, através de um ditado popular,
que não se chuta cachorro morto, mas tem coisas que não dá para engolir! Por Niclecia
Gama.
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