terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

CIPÓ III:TEMPESTADE OU INCOMPETÊNCIA GESTORA

Há quatro semanas a população de Cipó vem sofrendo as consequências da tempestade que assolou a cidade e destruiu completamente cerca de cinquenta residências, principalmente na comunidade da Fazenda Gideão. A prefeitura Municipal decretou estado de Calamidade Pública, na ocasião dos preparos para a Festa de Reis, um dos mais tradicionais festejos da região, contudo, concretamente, nada foi feito.

A Lei de Benefícios Eventuais, sancionada ao final de 2015, previa doação  orçamentaria para atenção às necessidades da população em diferentes situações, incluindo, em casos de desastres naturais, o pagamento de alugueis sociais, dentre outros benefícios ali citados.

O que se percebe é que, decorridos quase um mês, a população se vê ainda desamparada pelo poder público. Os moradores do Gideão dizem que o prefeito visitou a comunidade um dia aos a tempestade, em comitiva, com os vidros do carro fechados, apenas filmando de uma réstia do carro e que jamais desceu para prestar sua solidariedade.

Em depoimento gravado com autorização dos mesmos, estes relatam que sentiram-se extremamente ofendidos com o descaso e o escárnio com que a situação foi tratada, ao tempo em que elogiam a população cipoense pela solidariedade e preocupação demonstrada. Validam também a importância das doações recebidas por Ribeira do Pombal, Antas, Fátima, Crisópolis, Nova Soure, Adustina, Madre de Deus, Cícero Dantas e outros municípios.

É preciso citar também, que diante de toda essa tragédia, há aqueles políticos que se aproveitam das dores alheias para se promover. Nunca se viu tantos deputados e assessores visitando Cipó, fotografando, tentando fazer das dores alheias, motivos para a garantia de votos.

As casas continuam ao chão. As que estão sendo reconstruídas nesse momento, são as que os proprietários receberam doações diretas e que não tiveram seus materiais de construção roubados por aqueles que se aproveitam da miséria alheia. Sm, os moradores relatam que estão sendo covardemente roubados e que os meliantes chegam à noite nas casas destruídas e levam telhas, blocos, madeira, enquanto os moradores estão vivendo de favor em casas de parentes.

Enquanto isso, nossos administradores aproveitam suas férias no litoral ou nos países do Mercosul. O dinheiro que não foi gasto na festa de Reis e que pode e deve ser utilizado na reconstrução das casas, não se sabe por onde anda.

A prefeitura alardeia que distribuiu colchoes, alimentos e que receberá 40.000 blocos, mas esses insumos foram fruto de programas do Estado e de doações das pessoas comuns. O lixo toma conta das ruas, o entulho das construções abarrota as calçadas, o dinheiro flui como o rio para as contas de poucos, enquanto muitos tem seus sonhos paralisados pela força do vento que já passou. A vida se arrasta lenta, como as águas do Itapicuru, que lentamente retorna ao seu leito.

Nossa cidade está sendo varrida do mapa. Não por um furacão, mas pela falta de compromisso de nós mesmos, cidadãos cipoenses para com a nossa cidade. Nos  roubaram até a dignidade e a força para dizer das nossas dores, do nosso desamparo.

Para finalizar gostaria de agradecer à equipe da Rádio Pombal FM pela calorosa acolhida nesta manhã de terça-feira e, diante da repercussão da audiência, gostaria de esclarecer alguns pontos:  
1 - a entrevista foi gravada por um cidadão ouvinte da rádio que estava na rua compartilhou através do whattsapp, por isso não estava com uma boa qualidade sonora. Assim que for disponibilizado o áudio por parte da Rádio  Pombal FM, compartilharei com amigos e certamente eles a replicarão em outros grupos.

2. - embora eu more e trabalhe em Salvador e minha família em Cipó, nenhum de meus parentes tem empregos na prefeitura, exceto os que são concursados. Não viso a nenhum cargo público, muito menos “mamar” na máquina pública como é de costume de muitos que se dizem éticos e comprometidos com a cidade. Meus irmãos não residem em Cipó e todos trabalham e exercem suas funções com competência e sem dever favores a nenhum político, portanto, minha opinião continua e continuará independente. Não acredito nas pessoas que tem seus empregos ou galgam degraus na hierarquia por indicações políticas e sim naquelas que crescem profissionalmente pelos seus próprios méritos e competências.

3. Acredito no fruto do trabalho, do compromisso e da responsabilidade e todos que doaram e doam seu tempo em benefício do seu semelhante não tem necessidade de aparecer e sim de fazer o bem. Vamos parar de pensar que só se faz algo por alguém buscando retorno. Graças a Deus, os bons ainda são maioria neste mundo, senão estaríamos perdidos!

Por fim, não espero mais as águas de um novo tempo, que já não é mais novo, e que escoa lentamente, deixando atrás de si um rastro de destruição, de morosidade, de irresponsabilidade e de incompetência em todas as áreas.  E por falar em águas, Odoyá, Yemanjá! Por Niclécia Gama, em 02.02.2016.

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