segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

CIPÓ: GRANDE ENCHENTE DO RIO ITAPICURU

Quando eu tinha seis anos, observava com olhos de quem desvela o mundo, uma das maiores enchentes do Rio Itapicuru. Via a água chegar perto da cancela da casa dos meus avós, enquanto o rio fazia vítimas. A casa deles se enchia de crianças e de pessoas que ali guardavam seus móveis e até traziam seus animais e pertences e ficavam lá por dias esperando as águas baixarem. A casa também se enchia de um barulho ensurdecedor de vozes, de risos, de correria e de cuidados para não chegarmos perto das águas que subiam,  infestadas de sanguessugas.
Hoje, com os mesmos olhos de encantamento pela beleza indomada da natureza, carrego as preocupações de adulta, com as pessoas que perderam seus bens, e com a própria natureza em si, que sofre com as consequências da ação humana. Os mesmos olhos da menina que viu a canoa virar com Vera Lúcia Reis, grávida, há 36 anos, são os olhos da adolescente encantada pelo rio que banhava o terreiro da avó, perto da fonte, há 25 anos, e que permanecem na adulta que ainda se encanta, mesmo de longe, com a beleza indomada das águas do Itapicuru. Por Niclécia Gama. 

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