segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

CIPÓ: BREVE HISTÓRICO APÓS A TEMPESTADE

A tempestade que atingiu Cipó no dia 04 de janeiro foi um evento meteorológico sem precedentes na história da nossa região. Após a tempestade, a população pode presenciar os estragos ocorridos nas moradias e nas vidas das pessoas. Todos, independentemente de classe social, sofreram as consequências da intempérie, porém, aqueles que mais sofrem, nesses casos, são as pessoas mais vulneráveis econômica e socialmente.

Mas nada nessa vida, acontece por acaso. O calor que havia feito em Cipó nos últimos dias, já predizia fortes chuvas. Aliado ao calor, o desmatamento desenfreado da caatinga, deixou a terra nua, sem árvores e isso facilita a formação de cones de vento, os tornados, que, segundo o relato de testemunhas oculares, eram dois, e deixaram em seu caminho um rastro de destruição, derrubando casas e árvores centenárias, como o velho umbuzeiro da casa de meus avós, no Buri, que foi arrancado pela raiz.


Diante de tanta destruição, percebo o quanto somos pequenos e ao mesmo tempo, podemos encontrar fortaleza, no reerguermos e sermos solidários. As campanhas de doação começaram a surgir e despertaram na população um sentimento de solidariedade e de união nunca visto.

O socorro aos desabrigados começou imediatamente quando a comunidade foi ao socorro dos desabrigados e se intensificou, quando Claudio Leone em parceria com a Radio Milênio FM engatilharam uma campanha para doações. Estava de férias, mas imediatamente me dispus a colaborar, independente das minhas querelas com o radialista da cidade. Nessa hora, as simpatias e antipatias pessoais, as ideologias, a política, devem cair por terra pois O HUMANO e sobrepõe às diferenças e alcance da Rádio aliado ao poder da comunicação teve um papel primordial para o sucesso da campanha. Obrigada Arildo Leone, por disponibilizar a programação e o espaço físico da rádio para que pudesse receber as doações e os voluntários. Você é um cipoense de valor!

O grupo de Whatts app “Doações para Cipó”, conseguiu reunir donativos na Assembleia Legislativa e outros órgãos, além de civis, 50 colchoes, 100 caixas e água, móveis, roupas, alimentos e brinquedos e articulou seu trabalho com a campanha da Rádio Milênio para que a distribuição de donativos atingisse o seu principal objetivo: que atendessem à população em situação de emergência com eficácia e eficiência.


O poder público, isto é, a Prefeitura Municipal, assumiu a postura administrativa correta, de decretar estado de Calamidade Pública e suspender a Festa de Reis,a contra-gosto das pessoas egoístas e que não possuem alteridade ou sentimento de coletividade, porém ficou atravancada com a burocracia (ou burrocracia, não se sabe ao certo). Ficou focada no cadastramento das famílias por duas semanas. Necessário, porém moroso. Iniciou a retirada das árvores, distribuiu 50 colchões doados pela Defesa Civil, mas precisa intensificar a limpeza da cidade, pois nas ruas adjacentes ao centro ainda existem muitas árvores que estão sendo retiradas dos quintais. É importante também intensificar o trabalho de combate aos mosquitos, que se proliferam sem controle nesses tempos pós-chuvas.

Também conversei com alguns políticos e me relataram que nesse momento estavam ajudando as pessoas que os procuram, que não estão levando ajuda ao local para não terem suas ações vinculadas aos interesses político-eleitorais. Enquanto isso, os voluntários distribuíram quase 500 cestas básicas, roupas, colchões, água potável, arrecadamos outra quantidade de alimentos, móveis, eletrodomésticos, brinquedos, materiais de construção. Estamos anos-luz à frente do poder público e isso se deve à organização, aos objetivos e metas claras estabelecidas pelos voluntários, que, necessariamente não estão presentes na cidade mas utilizam-se das ferramentas de comunicação necessárias para fazer um trabalho articulado e preciso.

Não poderia deixar de agradecer à Pombal FM, na pessoa de Joilson Costa, que abraçou nossa causa desde o primeiro instante e, graças ao amplo alcance da Rádio Pombal FM, a cidade recebeu doações de vários municípios vizinhos, como Fátima, Banzaê, Nova Soure, Crisópolis, Ribeira do Amparo, dentre outros.

Não causamos comoção nacional porque somos uma cidadezinha pobre, no meio do sertão baiano, com um turismo decadente, pois foi nisso que nossa querida Cipó foi transformada, mas temos fé, temos força e podemos ser mais, podemos nos reinventar, nos reconstruir e quem sabe, sairmos do esquecimento.

Parabéns ao nosso povo, que como sertanejo, é antes de tudo um forte, como já dizia Euclides da Cunha. Podemos renascer das cinzas, tal qual uma fênix, ave mitológica, e alçar novos voos para o futuro. Aos voluntários Mazé, Maria, Zenaide, Claudinho, Manu, Grazi, Roberto, Uillian, Tahinã, Mirian, Elaine, Tereza, Alberto, Naiana, Icaro, Yvanize, Manu, Maíra, Ana Cláudia, Gabi, Simone, Jamile, Deyvisson, Milla, Lauro, Luca, Taline, Marília, Alain, Marlon e tantos outros, é uma grande alegria compartilhar com vocês o mesmo objetivo, a mesma vontade de fazer O MELHOR. Espero vê-los em breve! Sem esquecer a pequena Maria Helena, que com os exemplos que tem em casa, com certeza será uma grande mulher!

Aos comerciantes e às pessoas que enviaram seus donativos à radio, às igrejas, associações ou diretamente aos moradores, nossos agradecimentos sinceros! Nos resta a esperança de que “após a tempestade, vem sempre a bonança”. Por Niclécia Gama, em 18.01.2014

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